sábado, novembro 05, 2011

de mim para ti... chegada de um outono




queria sorrir aos aromas,
aos caminhos matizados
deter-me no contagio
indefinido dos espaço amarelecidos


queria que me cingisses
através das tuas cores,
entrar no frio, mas adiaste a chegada…
sim, queria aquecer os meus lábios
com o mosto quente acabado de apanhar


absorta esperei a entrada do outono
enquanto contemplava o mar encorpado, aliar-se ao vento


apareces-te tarde e depressa abalas-te
não senti o teu cheiro
e as folhas caíram cinzentas
não se tingiram de dourado…
fiquei sem entender o teu cantar


outono preguiçoso,
conseguis-te desprezar os meus sonhos…



helena maltez

quinta-feira, setembro 22, 2011

de mim para ti...




desafio as sombras no silêncio de mais uma noite
há versos nos meus dedos
que se diluem no tempo...

completo-me na tua imagem
nos sentires de uma eloquência...

há o ontem, o hoje
e
expressões sem rosto
de um amanhã

o azul é o imago da firmeza
ou o começo das tuas cores,

abre-se imprecisa a fenda
e no sóbrio fulgor do amanhã
é o mar que me abraça

há em nós um renovado dia….


helena maltez

quarta-feira, março 23, 2011

ser árvore...




sonho a certeza do sentido
esboço o resultado e não passo de uma amálgama.
as raízes prendem-me à terra
não falam, mas empurram-me nas sombras.

sustenho o grito, crescem-me os braços,
há dor nesse silêncio de tantas luas

o sangue pesa-me no corpo
fervilha como cal ardente,
é o rebentar das folhas.
cobrem-se os galhos.

não se adiam os dias
que perseguem o engrossar do tronco

puxam-me as origens
na alegria de ser árvore,
o abrigo permanente de friorentas aves
onde a beleza impera na plenitude do crescer.

rejuvenesço no principio das manhãs
de um Março que embarga nova primavera…



helena maltez

rosto...

  rosto em silabas as artérias estão vazias dentro de mim. escuto gritos sucessivos e a sede é abandono em dias inúteis. o tempo é...